domingo, junho 12, 2011

Depois de 25 anos de crime, júri condena mandantes da morte de Anastácio Cassaro

O Tribunal do Júri de Vitória condenou, no início da noite desta sexta-feira (10), os quatro réus acusados de mando e intermediação no assassinato do ex-prefeito de São Gabriel da Palha, Anastácio Cassaro, morto há 25 anos. Apesar da tentativa de manobras por parte da defesa dos reús durante os quatro dias de audiência, os jurados consideraram culpados: Edvaldo Lopes de Vargas (médico, pai do deputado estadual Henrique Vargas (PRP), Fernando Lourenço de Martins (filho do vice-prefeito do município à época), Jorge Antônio Costa e Luis Carlos Darós (o “Rosquete”). As penas variam de 15 a 18 anos de prisão, porém, os acusados vão recorrer da sentença.

A decisão encerra o ciclo de punições do caso atribuído ao "consórcio do crime" durante a década de 1980. Em março deste ano, outro acusado de intermediação do crime Carlos Smith Frota foi condenado a 15 anos de prisão. Para a família do ex-prefeito, o resultado do júri é o fim de uma batalha que se arrastava por duas décadas. Entretanto, a próxima luta será a pressão pelo cumprimento das penas por parte dos condenados.

De acordo com a sentença lida pelo juiz Marcelo Soares Cunha, os réus Fernando de Martins e Luiz Carlos Darós foram condenados a 17 anos, Jorge Antônio Costa a 15 anos de reclusão e Edvaldo Lopes de Vargas teve a maior pena: 18 anos de prisão. Assim como Smith Frota, todos os condenados podem recorrer da sentença em liberdade.

Durante os três primeiros dias do julgamento, iniciado nessa terça-feira (7), a defesa dos acusados tentou lançar dúvidas sobre os trabalhos de investigação logo após o crime. Uma das investidas foi contra os depoimentos registrados na época do assassinato.

A defesa também buscou descaracterizar a presença de Carlos Smith Frota, condenado a 15 anos de prisão pela intermediação do crime em março deste ano, da cena do assassinato. Os advogados juntaram três testemunhas para dar vazão à tese, contudo, após questionamentos de jurados, a sessão quase foi interrompida depois de ter sido levantado a acusação de falso testemunho.

O primeiro julgamento, realizado entre os dias 29 e 31 de março deste ano, condenou Carlos Smith Frota a 15 anos de prisão pela intermediação do assassinato do ex-prefeito. Na oportunidade, o júri dos demais foi postergado por uma manobra do advogado do médico Edvaldo Vargas, que deixou de comparecer ao Tribunal do Júri apresentando atestado médico que dava conta de que um dos advogados de defesa havia sido submetido a um procedimento cirúrgico às vésperas do julgamento.

Trama

O ex-prefeito Anastácio Cassaro foi morto, na noite do dia 3 de abril de 1986, com dois tiros de revólver, disparados pelas costas e na cabeça. Ele se encontrava dentro de um carro quando saía em companhia de seu filho, o ex-deputado estadual Arildo Cassaro, e seu sobrinho, Evaldo de Castro, quando foi emboscado, no bairro Goiabeiras, na Capital.

O pistoleiro fugiu num Chevette branco, sem placa, acompanhado de um comparsa. Em abril de 1986, dia da execução, Cassaro estava na Capital capixaba para finalizar detalhes da organização da Festa do Café, em São Gabriel da Palha, preparando a visita do presidente da República, atual senador José Sarney. Naquela noite, o prefeito passara na casa do seu filho, como era de seu costume, para seguir sua viagem. Como conseqüência da visita, Anastácio Cassaro foi executado com dois tiros à queima roupa. Seu sobrinho foi baleado com dois tiros – um em cada perna.

Durante as investigações policiais, revelou-se que o crime foi encomendado pelo que foi conhecido por um “Consórcio de Crime”, com interesses políticos no assassinato do prefeito Anastácio Cassaro. Exatamente por esta condição é que se consegue entender a demora na resolução do crime. O processo se arrastou por vários anos, sendo que a última testemunha só foi ouvida em 1998, ou seja, 12 anos após o fato.
A denúncia foi apresentada pela então representante do Ministério Público Estadual (MPE), promotora de Justiça Magda Regina Lugon, à 3ª Vara Criminal de Vitória. Todos os citados no processo nº 024.890.235.393 foram indiciados. O juiz criminal da época, Paulo Nicola Copolillo – atualmente desembargador –, recebeu a denúncia e determinou a prisão, dos acusados, no dia 15 de abril de 1986, 12 dias após o evento criminoso.

3 comentários:

  1. justiça BRASIL ,pena maxima de 30 anos.

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  2. Caros amigos este é mais um caso do descaso que este país precisa mudar.
    Justiça tardia é falta de justiça, uma vergonha só depois de 25 anos este saco ser julgado será que vai demorá mais 25 anos para os recursos serem julgados e os réus pagarem no inferno pois já estarão morto de velhice.
    Insiste uma manobra vergonhosa que é deixar crimes que são acusados gentes poderosas fica na gaveta para prescrição o modelo da impunidade que tanto tem incentivado a violência.

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  3. Na minha opinião a humanidade, esta acelerando cada vez mais a sua extinção, não faz sentido! morte e destruição em todos lugares. O homem contra o homem, e contra a natureza, provando que dele parte o egoísmo, a crueldade, a incapacidade de mudar os paradigmas, ele mata, rouba, engana, mente e humilha. e faz isso muitas vezes falando em deus!!! Enquanto houver impunidade não haverá futuro!.. Cabe a nós fazer uma paralisação nacional e cobrar dos políticos a mudança urgente, para criar novas leis impor penas rigorosas, contra membros de Máfia; traficantes de drogas; criminosos hediondos; barões do jogo; príncipes da Mídia; políticos corruptos; falsos líderes religiosos; enfim, todos aqueles detentores do dinheiro sujo e fácil.
    Tire suas conclusões!... É uma atitude que tem de ser tomada por todos nós!

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